sexta-feira, 15 de julho de 2011

Educação para todos - parte 1


A inquisição espanhola colocava fogo em autos-de-fé de onde se esvaiam em fumaça o Corão, o Talmude e tantas outras páginas inspiradas ou meditadas. Horríveis fogueiras hitlerianas, fogos de livros nas praças européias, em que ardiam a inteligência e a cultura! Talvez a primeira de todas essas tentativas de aniquilação tenha sido a do império mais antigo, na Mesopotâmia, de onde nos vêm tanto a versão oral como a escrita do dilúvio, muito antes da Bíblia. Pois foi Sargão de Agadé, rei dos quatros países, primeiro imperador da história, que mandou jogar no Eufrates milhares de tabulas de argila, nas quais estavam gravadas lendas de tempos imemoriais, preceitos de sabedoria, manuais de medicina ou de magia, secretados por várias gerações de escribas. Os signos permanecem legíveis por alguns instantes sob a água corrente, depois se apagam. Levadas pelos turbilhões, polidas pela correnteza, as tábulas amolecem aos poucos, voltam a ser seixos de argila lisa que em pouco tempo se fundem com o lodo do rio e vão se acrescentar ao lodo das inundações. Muitas vozes caladas para sempre (Lévy. P, 1999).

Em toda a história humana a informação ou ausência dela funcionou como força motriz de manipulação, de agente de mudanças ou não, de dominação, escravidão ou libertação, diversas tentativas de aniquilação ou ocultação do conhecimento foram vistas através da história. Por muito tempo as escrituras sagradas foram lidas em latim durante as cerimônias, dificultando o conhecimento da Bíblia a uma população em sua grande maioria analfabeta, um ponto de destaque da reforma protestante foi à iniciativa dos reformadores de traduzirem a Bíblia para as línguas nacionais.

No Brasil da atualidade, não incendiamos livros em praça pública, nem tão pouco os lançamos em rios, nem sequer publicamos em idiomas antigos, porem milhares de brasileiros jamais terão acesso a educação de qualidade em toda a sua vida. No que tange ao ensino superior o Brasil inaugurou a sua primeira escola de ensino superior em 18 de fevereiro de 1808. Ela foi instalada no Hospital Real Militar, que ocupava as dependências do Colégio dos Jesuítas, no Largo do Terreno de Jesus em Salvador na Bahia. Porém nas possessões espanholas, existiam universidades desde o século 16. O modelo de crescimento da educação superior escolhido pelo Brasil, a partir da reforma universitária de 1968(Lei n. 5.540/68), durante a ditadura militar, e intensificada, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que tinha como objetivo principal a abertura do setor aos agentes do mercado, produziu uma privatização e mercantilização, com graves conseqüências sobre a qualidade do ensino oferecido, causou ainda uma elitização do ensino superior no País, afastando cada vez mais pobres e afro-descentes das salas de aula. A educação superior no Brasil infelizmente ainda é uma porta aberta para poucos privilegiados especialmente a pública e gratuita, diante de um território de dimensões continentais os desafios também se colocam de forma grandiosa, desafio este de levar uma educação justa e igualitária à população brasileira, torna-se imperativa a necessidade de buscar-se novas soluções para levar ao alcance de todos o que hoje é para poucos.

Manoel Bessa ( continua...)


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