A inquisição espanhola colocava fogo em autos-de-fé de onde se esvaiam em fumaça o Corão, o Talmude e tantas outras páginas inspiradas ou meditadas. Horríveis fogueiras hitlerianas, fogos de livros nas praças européias, em que ardiam a inteligência e a cultura! Talvez a primeira de todas essas tentativas de aniquilação tenha sido a do império mais antigo, na Mesopotâmia, de onde nos vêm tanto a versão oral como a escrita do dilúvio, muito antes da Bíblia. Pois foi Sargão de Agadé, rei dos quatros países, primeiro imperador da história, que mandou jogar no Eufrates milhares de tabulas de argila, nas quais estavam gravadas lendas de tempos imemoriais, preceitos de sabedoria, manuais de medicina ou de magia, secretados por várias gerações de escribas. Os signos permanecem legíveis por alguns instantes sob a água corrente, depois se apagam. Levadas pelos turbilhões, polidas pela correnteza, as tábulas amolecem aos poucos, voltam a ser seixos de argila lisa que em pouco tempo se fundem com o lodo do rio e vão se acrescentar ao lodo das inundações. Muitas vozes caladas para sempre (Lévy. P, 1999). |
Em toda a história humana a informação ou ausência dela funcionou como força motriz de manipulação, de agente de mudanças ou não, de dominação, escravidão ou libertação, diversas tentativas de aniquilação ou ocultação do conhecimento foram vistas através da história. Por muito tempo as escrituras sagradas foram lidas em latim durante as cerimônias, dificultando o conhecimento da Bíblia a uma população em sua grande maioria analfabeta, um ponto de destaque da reforma protestante foi à iniciativa dos reformadores de traduzirem a Bíblia para as línguas nacionais.
Manoel Bessa ( continua...)
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