segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Tecnologia ou metodologia


O vídeo metodologia ou tecnologia apresenta como temática principal a modernização de um ambiente escolar pautado em uma abordagem tradicional, Freire critica esta opressão “pedagógica” ao falar da educação bancária, em que o professor “deposita” o conteúdo nos alunos passivos, estes o absorvem e “devolvem” no momento das avaliações/provas:

O educador é o que educa; os educandos, os que são educados; o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem; o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados; o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição; o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam; o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos se acomodam a ele; o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos (Freire, 1983, p.68).

Trocar a lousa e o giz pelo projetor e outros tantos recursos tecnológicos disponíveis nos tempos atuais apenas transforma a educação bancária tradicional em uma educação bancária modernizada.

Equipar escolas com computadores não é o suficiente para que se mude a mentalidade de seus professores. Pelo contrário, em várias instâncias a mera presença dos computadores tão temidos pelos professores provocou imediata rejeição. Freqüentemente, os computadores novos em folha acabaram armazenados, sem serem usados, nos banheiros das escolas (Poppovic, 1996).

As palavras de Poppovic refletem ainda hoje a nossa realidade, infelizmente diversas escolas tem adotado esta prática, investindo na montagem de laboratórios de informática, dando a ilusão aos pais, de que seus filhos estão sendo devidamente preparados para o mercado de trabalho cada vez mais informatizado e exigente, na verdade o que ocorre é que na maior parte do tempo por falta de supervisão pedagógica os laboratórios são utilizados pelos alunos para navegação em redes sociais, alimentando cada vez mais a forte tendência dispersiva que os alunos têm no cotidiano, quando, por exemplo, eles ficam estudando e ouvindo música, tudo ao mesmo tempo. Hoje vivemos no oceano da informação, educadores que nasceram em outro momento da história, por vezes tem receio de orientar a sua bússola e se lançar no mar do conhecimento que é a internet e as novas tecnologias da informação e comunicação, tem medo do aluno porque ele é privilegiado na relação que tem com a tecnologia, Ele aprende rapidamente a navegar, sabe trabalhar em grupo e tem certa facilidade de produzir materiais audiovisuais.

Ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode nos ajudar a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender. (MORAN, 2000, p. 63).

Desenvolver atividades utilizando computadores somente por modismos pode não ser a melhor maneira de aproveitar tudo que os recursos tecnológicos têm para nos oferecer, nem sempre as atividades podem estar contribuindo para o processo de construção do conhecimento, a preparação continuada do professor, aliando os seus conhecimentos pedagógicos, área de atuação e do emprego da tecnologia da informação e comunicação, faz-se uma tríade importante e determinante para o sucesso da adoção de novas maneiras de se trabalhar em sala de aula e fora dela, em um mundo sem barreiras o docente deve ser dinâmico, adaptável, flexível e compromissado com os seus objetivos, tendo consciência que o computador não trará nenhum diferencial se não for usado como ferramenta auxiliar no processo de aprendizagem, favorecendo a construção do conhecimento, a utilização do software educacional Gcompriz, por exemplo, tendo sido um aliado no ensino de diversas disciplinas da educação básica, conceitos apresentados em sala podem ser trabalhados no software de uma maneira mais atrativa pelas crianças, ou seja, os meios tecnológicos utilizados na educação devem ser fruto da criatividade e da investigação, devem se apresenta como um recurso nas mãos do educador e não um fim em si mesmo, deve fortalecer ao professor como facilitador na missão de ensinar o estudante a aprender, trazendo o estudante para dentro do universo que ele está acostumado e ambientado, socializando este estudante com os outros que aprendem.

Manoel Bessa

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