Ficou muito bom o novo cd da banda resgate , recomendo.
Nota: 10 de 10
24 anos de
carreira, muitos discos gravados, êxitos, polêmicas e muita história para
contar. Esta a história da banda Resgate, uma das mais influentes no rock
cristão brasileiro tanto na década de 90 como atualmente. Desde 2010 na Sony
Music o grupo vem lançando vários trabalhos.
Com a saída do
produtor e tecladista Dudu Borges em 2012, o Resgate volta à mesma formação que
tinha em seu início, algo tanto quanto difícil num grupo de tanta estrada. O
quarteto, mesmo após duas décadas e meia exala competência, qualidade e
profissionalismo em seu mais novo trabalho intitulado “Este Lado para Cima”,
lançado na Expocristã. Este disco foi produzido nada mais nada menos que Paulo
Anhaia, produtor musical conceituado no rock nacional brazuca. Entretanto ele
não é novato no meio gospel, já tendo produzido trabalhos de Oficina G3
(Indiferença, 1996), Katsbarnea (Armagedom, 1995), Brother Simion (Asas, 1998)
e do próprio Resgate durante várias vezes. O conceitual projeto gráfico foi
produzido por Carlos André Gomes, que já realizou encartes para Leonardo
Gonçalves, Heloisa Rosa, Brenda dos Santos e vários outros músicos cristãos.
O trabalho já
começa de uma forma bastante positiva com Eu
Estou Aqui, um hard rock moderno empolgante, lembrando um pouco a época de
On The Rock. A letra reflexiva foge dos gastos moldes gospel que vemos por aí. “Enquanto
todos fogem da Tua Guerra pra falar Teu nome em toda a terra eu estou aqui...”
A força dos vocais de Zé Bruno com o fade out dos instrumentais fechou a canção
de uma forma interessante. Foi o primeiro single
da obra.
Eu só Preciso Acreditar já traz uma
sonoridade pop rock próxima à contida
no trabalho anterior, Ainda não é o Último. Aqui o Resgate usa um refrão
simples de fácil entendimento. É uma canção boa de ouvir.
A terceira
faixa, Errando e Aprendendo é uma
das melhores do repertório. Em formato balada traz as dificuldades da vida e
suas lições diárias como tema. O som do assobio deu um destaque à música.
A partir da quarta
canção é perceptível o rumo e objetivo do trabalho. Mais um pop rock nacional, a canção O que não precisa traz uma letra
simples, porém bastante objetiva e reflexiva.
Mais uma vez no
clima hard rock é ouvida Em Nome de
quem? onde o grupo realiza um questionamento e ao mesmo tempo uma crítica
às atuações humanas e a forma “endeusada” que muitos levam a vida. É
contagiante a condução vocal de Zé Bruno.
Uma série de
antíteses, algo bastante usado em certas músicas do Resgate são as frases
contidas em Fora do Sistema. “Eu quero estar louco, eu quero estar certo,
fora do sistema, longe eu caminho mais perto”. No instrumental há um bom
casamento das guitarras com o violão que substituiu o som do teclado contido
nos discos anteriores.
Mas a melhor
canção do disco, talvez até dentre todos os trabalhos do Resgate é Eles Precisam Saber. Aqui o grupo
critica a forma com que o Evangelho tem sido pregado além do enriquecimento, o poder
de lideranças religiosas, mostrando o contexto que vivemos nos dias de hoje. Esse
tipo de música é algo mais comum nos trabalhos do Fruto Sagrado, mas mesmo
assim o Resgate deixa sua marca na obra. Os arranjos no final da faixa estão
excelentes, destacando-se os riffs muito bem executados por Hamilton Gomes, o
som pulsante da bateria por Jorge Bruno e a união destes com o arranjo de
cordas. Pela sua qualidade realmente necessita ser executada em todas as rádios
cristãs do Brasil.
Uma canção
simples, mas com uma letra riquíssima é Inocente.
É também a mais curta do disco, cerca de dois minutos. Com uma letra mais
vertical, um arranjo básico mostra a proficiência do grupo em letras poéticas.
“Se não há sol, se estou só, te enxergar
Quando eu já sei o que eu não sei, te escutar...”
Quando eu já sei o que eu não sei, te escutar...”
Sempre Tem Uma Assim é uma poesia
que trata um tema ás vezes complexo de uma forma simples: a dependência e a
necessidade humana de se ter Deus. Destacam-se na melodia os riffs da guitarra
e o som da bateria antes do refrão. Excelente.
A décima faixa
é nada mais que uma inversão do contido no final da última faixa. Este Lado para Cima traz uma mensagem
interessante. E qual ela é? Ouça.
A letra de Quem Sou Eu? lembra um pouco Em Todo o
Lugar, mas possui claramente suas particularidades. A forma que somos tão
indignos perante Deus é o tema central dessa faixa. É mais uma balada.
Para finalizar
com chave de ouro, Recomeçar. Aqui o
Resgate deixa claro um dos objetivos de seu disco explícito até no encarte: A
necessidade de ter Deus no centro de nossa vida e esquecer as coisas terrenas.
“Eu coloquei de lado quem merecia o centro/Antes de apagar me
lembrei que o sol nasceu pra todos/E é
bom saber recomeçar...”
Após ouvir todo este conjunto de faixas, restaram
várias conclusões: O grupo caminha cada vez mais para a perfeição, talvez até
tenha sido alcançada pelos mais otimistas. Não é a toa que eu atribuo nota dez.
Numa época aonde a música cristã brasileira chega à um momento caótico de
repetições e falta de criatividade chega ao mercado um álbum coeso e bem
idealizado do início ao fim, desde o projeto gráfico à todas as canções. Outro
ponto positivo do disco é a volta da parceria do Resgate com Paulo Anhaia que
soube remeter alguns pontos da obra à grandes clássicos do Resgate como os
discos On The Rock e Resgate. Aqui vemos um Resgate mesclando o hard rock e o
pop rock com letras simples com grande essência, simplesmente um retorno às
origens do grupo em grande estilo. Posso dizer tranquilamente de olhos fechados
que até o momento que faço essa análise é o melhor disco de música cristã do
ano de 2012. Compre, ouça o seu e creio
que não se arrependerá de ouví-lo.
Por Tiago Abreu
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